sexta-feira, 2 de julho de 2021

Linguística, Linguagem e Língua

 Linguística, Linguagem e Língua


Olá. Este é o episódio de abertura da seção “Linguística”. Aqui, vou tratar de conceitos e aspectos básicos relacionados à essa área. 

Para esta discussão inicial, fundamento-me no Manual de Linguística de Mario Martelotta (2011).

Para começar, é preciso saber que a linguística é estudada em cursos superiores, como nos cursos de graduação em letras e em outras áreas, como de fonoaudiologia e de comunicação social. Como disciplina, ela apresenta discussões acerca da natureza da linguagem, fundamentais para a vida acadêmica de muitos estudantes.





A linguística é uma disciplina que estuda cientificamente a linguagem. Seu objeto de estudo envolve diversos fatores, como os aspectos fonéticos, morfológicos, sintático-semânticos e psicossociais da linguagem humana; a origem, o desenvolvimento e como as línguas evoluem; as classificações das línguas em grupos, por tipo de famílias, dadas suas formas sistematizadas.

 Sabendo-se o que é linguística, agora partimos para uma das primeiras dúvidas que surgem nos estudantes:

Linguagem e língua correspondem a mesma coisa?

Definitivamente, não são!

O conceito de “linguagem” pode apresentar mais de um sentido. Comumente, é “empregado para referir-se a qualquer processo de comunicação, como a linguagem dos animais, a linguagem corporal, a linguagem das artes, a linguagem da sinalização, a linguagem escrita, entre outras.” (Martelotta, p. 15-16, 2011). Isso implicaria dizer que as línguas naturais, como o português, também é uma forma de linguagem, por possibilitar a realização da comunicação.

 Contudo, defendemos que linguagem e língua não são a mesma coisa compreendendo-as como:

  

Linguagem

Língua

é vista como uma habilidade, os linguistas definem o termo como a capacidade que apenas os seres humanos possuem de se comunicar por meio de línguas.

o termo “língua” é normalmente definido como um sistema de signos vocais, utilizado como meio de comunicação entre os membros de um grupo social ou de uma comunidade linguística.

Fonte: MARTELOTTA, Mário Eduardo (org.). Manual de Linguística. São Paulo: Editora Contexto, 2ºed. 2011.

  Esses conceitos mostram que o caráter atribuído à Língua é mais específico, pois ela se restringe a comunidades linguísticas que têm seu próprio vocabulário e sistema comunicativo, conhecidos e compartilhados entre os seus membros. Ao passo que a linguagem abarca as diferentes formas de expressar ideias ou pensamentos por meio da fala, do som, dos gestos, dos gráficos etc. Portanto, o caráter abrangente da linguagem está relacionado à amplitude do código, em termos de sistemas que possibilitam a transmissão da mensagem, em qualquer tipo de comunidade.

 Sobre a função do pesquisador da linguagem, não vamos confundir o linguista com um poliglota ou um forte conhecedor do funcionamento de várias línguas. Como pesquisadores da linguagem, nosso interesse é analisar a estrutura das línguas naturais, compreender as ferramentas e o que está em jogo no funcionamento no processo comunicativo. Vale lembrar que, assim como em outras áreas, a Linguística possui diferentes escolas teóricas, a exemplo do Estruturalismo, do Gerativismo, da Linguística cognitiva, do Funcionalismo, entre outras.

Nas próximas discussões, vamos falar sobre essas escolas teóricas e de algumas características relacionadas à capacidade da linguagem humana.