quarta-feira, 26 de maio de 2021

Todos somos clientes


 “Todos somos clientes” abre a seção A PALAVRA É... deste novato Blog. A partir de uma determinada palavra, vou apresentar sua origem, sentido e algumas reflexões de seu uso. Hoje, começo por Cliente.

Cliente é uma palavra de dois gêneros (ou seja, empregada tanto para o masculino quanto para o feminino) que tem origem indo-europeia: kli-ent. Antigamente, em uma parcela específica da sociedade romana, cliēns ou clientis era aquele que estava sobre a proteção do outro. Seu dever era escutar, seguir e obedecer, geralmente, um magistrado (a exemplo de algum membro do poder), um alto funcionário ou, até mesmo, um grande proprietário.




 Então, se alguém era capaz de influenciar e guiar outra pessoa de tal maneira, este que se submetia era, naquela época, um cliente nato. Talvez, quase um servo.

 Depois de muitos anos, o sentido da palavra cliente evoluiu e ganhou um novo sentido. Deixou de significar apenas aquele que obedece (fielmente) e passou a designar também aquele que favorece alguém por meio do pagamento de mercadorias ou serviços – conotação da qual utilizamos hoje. Assim, quem passou a ter clientes foram os banqueiros, os empresários, as redes de ensino etc.

 Inacreditavelmente, o antigo conceito lá de Roma (aquele que escuta, segue e obedece) se mantém até hoje. Onde? Na ciência política! Só que o jogo ficou mais sério. Você já ouviu falar em clientelismo? Derivação associada à prática eleitoreira que privilegia uma clientela em troca de votos, por meio de favores entre quem detém o poder e quem, comumente, encontra-se necessitado.

 Caro leitor, em nosso país há práticas de clientelismo? Há políticos oferecendo favores, empregos, ascensão profissional em troca de votos? Se você já votou em alguém em troca de algo dessa natureza, então você é um cliente: um cliente dos tempos primórdios. Há ainda os subclientes: clientes que preferem os produtos da esquerda, outros que preferem os produtos do centro e outros produtos da direita.

 Há quem diga que o clientelismo está desprestigiado. Mas, como posso chamar de desprestigiado, algo que não parece estar fora de moda? Não se derrubam árvores à toa.

 De Roma para cá, o número de clientes só tem aumentado. Há clientes que confiam os seus interesses a advogados. Que obtêm seus alimentos por meio de comerciantes. Que se consultam com professionais da saúde. Que pagam às escondidas por serviços considerados culturalmente escusos, por medo de recriminação.

 Por semelhança, telespectadores também são clientes. Pois, nesse contexto, há possível lucro tanto por meio do voto quanto da audiência. Vale lembrar que o poder das palavras (discurso) pode te convencer a comprar um livro, um curso ou simplesmente ficar segurando sua atenção por horas, contabilizando receitas.

 Para finalizar, pergunto: como cliente, qual produto você anda comprando para a sua vida? Esse produto visual que te prende por horas te faz bem? Esse produto/argumento que você defende é melhor para todos, de fato? As causas e pessoas que você defende são capazes de te levar a algum lugar (pessoal, financeiro, professional) ou é apenas uma âncora que não te deixa ver o que existe de mais valioso em sua volta? Quais produtos você anda colocando na sacola de sua vida? Antes de pagar, deixa no caixa aquilo que não vai te servir. Aproveita que a gratidão, o amor, o conhecimento, a bondade e a força vontade estão sempre na promoção.

 São muitas coisas para pesar como cliente, não é mesmo? Não é fácil ser um.

 

Fontes pesquisadas: https://www.elcastellano.org/ e Dicionário Eletrônico Houaiss (v. 3.0)

  

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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Qual escola você frequenta?

Algo para iniciarmos...


Após anos de estudos, podemos nos deparar com situações que nos tragam certo receio de abandonarmos o que aprendemos. E é tão fácil desviar de um caminho produtivo, a exemplo de perder horas de nosso dia, privilegiando conteúdos de redes sociais que nada nos acrescentam.

Você perde por seguir estacionado, às vezes até contribuindo para o aumento de sua própria ansiedade, enquanto alguém, que faz apenas besteirol, cresce às custas de sua audiência. Ri com bobagens é bom, mas antes é preciso aprender algo novo (e de preferência, diariamente). O conhecimento vem primeiro e a distração vem depois. Essa é uma boa regra para se tornar uma pessoa produtiva.




Mas, o que seria um conteúdo de qualidade? Conteúdo de qualidade é aquele que nos faz refletir sobre as nossas vidas, é aquele que nos ensina mais alguma coisa (nas mais diversas áreas). É aquele que nos alerta e nos afasta das coisas irrelevantes (que não nos acrescentam em nada) .

Então, é aqui que devemos entrar, nós que estudamos por anos, por exemplo, podemos contribuir de alguma forma, seja por meio de nossos conhecimentos específicos ou pela facilidade que temos em tratar de algum tema. Um bom passo é reivindicando nosso lugar virtual, não no intuito de tirar o espaço de ninguém, mas de sermos uma opção a mais para quem busca conhecimento. Que tal compartilhá-lo? Será que neste momento alguém do outro lado do país não ficaria grato com o que você tem a dizer?    

Por pensar assim, resolvi criar o meu blog. Não vou tratar de assuntos espinhosos, prometo. Nem mesmo garantir consistência de postagens, mas sempre que possível vou aparecer aqui. Acredito que, de forma simples, podemos aumentar o leque de bons conteúdos na rede.

Para começar, pergunto a quem está distraído: qual escola você anda frequentando neste momento de pandemia? É o Instagram, Facebook, WhatsApp etc?

Se sim, quantas horas você passa por dia distraído (preso) vendo o que outros estão fazendo? Se for uma hora por dia, sendo generoso, porque sei que tem pessoas que passam o dobro, o triplo disso, então, teríamos por volta de 365 horas por ano em experiência prática-teórica de redes sociais.

Ou seja, daria para fazer um curso de especialização lato senso por ano. Agora, será que o mercado de trabalho aceita a sua especialização em observador da vida dos outros para preencher uma vaga de emprego? Ou daria preferência àquele que usou estas 365 horas para aprender algo novo, como um curso de idiomas, um curso técnico, por exemplo? E nem vou entrar no mérito da atividade física, que pode salvá-lo de sérios problemas causados pelo sedentarismo.

Bem, inicialmente é isso. Não quero iniciar com texto longo. Espero produzir algo legal com o que vem por aí. Neste momento, quis apenas introduzir o blog.

Meu nome é Alan César. Sou doutor em Estudos da Linguagem (UFRN) e aprendiz de blogueiro.

Para receber notificações de novos conteúdos (sempre gratuitos), inscreva-se no meu canal do youtube () ou me segue no instagram @alancaesar.

Até a próxima.