domingo, 17 de setembro de 2023

Posso confiar no ChatGPT?

 

Quero conversar com você que utiliza mecanismos de I.A (Inteligência Artificial) em seus estudos. Será que os dados fornecidos por esses “robôs” são confiáveis e seguros? Em pesquisas básicas, o nível de confiança neles é maior? Resumindo, posso confiar nos chats de Inteligência Artificial?

Recentemente, dado o grande sucesso do ChatGPT, resolvi fazer-lhe algumas perguntas, para testar a sua eficiência. Lembrando que esse Chat é uma espécie de chatbot on-line de inteligência artificial, desenvolvido pela OpenAI no ano passado (2022). 

Infelizmente, o chat me apresentou alguns dados equivocados. No vídeo abaixo, mostro o detalhamento como o ChatGPT me respondeu:



Observe que ao pedir “três exemplos de palavras com encontro consonantal e três palavras com dígrafo”, essa ferramenta de I.A apontou o primeiro equívoco, ao dizer que GATO possui dígrafo. Sabemos que não há dígrafo, uma vez que todas as letras possuem o seu próprio fonema. Em seguida, o mesmo Chat apresenta mais uma informação equivocada: “A palavra "gato" não é um exemplo de dígrafo. Trata-se de um encontro consonantal, em que as letras "g" e "t" representam dois sons consonantais distintos”. 

Piorou! Para o ChatGPT, GATO migrou para um caso de encontro consonantal. Como assim, se não há duas consoantes juntas? Perguntei-lhe novamente: Por que gato é um encontro consonantal, se o G e o T não estão juntos?

Como resposta, obtive: “Peço desculpas novamente, cometi outro equívoco. A palavra "gato" não é um exemplo de encontro consonantal nem de dígrafo. O "g" e o "t" em "gato" são consoantes independentes e não formam uma combinação especial. A palavra "gato" possui apenas consoantes isoladas. Sinto muito pela confusão causada e agradeço por apontar o erro novamente”.

De qualquer forma, o legal deles (ChatGPT), pelo menos, é o reconhecimento do erro. 

Percebe que utilizei a minha inteligência (humana) para ajudar a inteligência artificial? Uma vez que orientei o referido chat a identificar o erro. Mais uma vez, para testá-lo e saber se ele havia aprendido, refiz a pergunta: “Me dê três exemplos de dígrafo”. 

Mas, veja só o que ele respondeu: “Peço desculpas novamente pelo erro anterior. Aqui estão três exemplos corretos de palavras com dígrafos: Chave, Caminho e Fogo. Nesses exemplos, as letras "ch", "nh" e "go" representam dígrafos, pois combinam duas letras para produzir um único som”.

Ficou difícil. Parece haver um erro no algoritmo do ChatGPT, que insiste em apontar pelo menos um erro ao se listar exemplos de dígrafos. Em FOGO, contrariando esse chat, não há dígrafo e GO não é um dígrafo. Já "CH" (que tem som de “X”) e “NH” são dígrafos, portanto, os dois primeiros itens estão corretos.

O ChatGPT e os similares em I.A podem ser úteis para os seus estudos, mas é preciso ter certo conhecimento sobre aquilo que se pesquisa. Com os resultados em mãos, é preciso (ainda) verificá-los e lapidá-los. O que quero dizer é que as pesquisas dessa natureza, em chats de I.A, embora representem o caminho mais curto, não são ideais para quem está em fase de aprendizagem, em termos escolares, sob o risco de tomar erros como fatos verdadeiros. 

Há, ainda, o risco de se compartilhar inverdades por aí, a exemplo de subentender que consoantes separadas são casos de encontros consonantais, como vimos.  Suponho que esses chats catam o que está disponível na rede e não são capazes de distinguir dados verdadeiros de informações fakes.

Portanto, errar não pertence apenas à natureza humana. No mais, conto com sua inscrição e o seu like em meu canal no youtube:
https://youtube.com/playlist?list=PL5ljVNiOqmij6NlVe6gK2YvjEvSVhg3bO&si=gYKu3sBHwKdWRglD


Muito obrigado.


 Alan M. César
Professor, Escritor e
Doutor em Linguística.
youtube.com/@drdalingua


terça-feira, 5 de setembro de 2023

Pelé como Adjetivo

 

O nome Pelé se adjetivou! Para entender melhor esse processo, me diz uma coisa: você é um Pelé em alguma coisa? Se sim, deixe seu o seu comentário.

Como sabemos, Pelé é um substantivo, nome próprio e mundialmente famoso. Faz referência a Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, que nos deixou no final do ano passado, em dezembro de 2022. Graças a sua fama e por ser considerado o maior atleta de todos os tempos, Pelé ajudou, fortemente, o futebol brasileiro a alçar patamares invejáveis. E assim, por ser tão bom no que fazia, o seu nome virou sinônimo de qualidade, de algo superior. 

Esse conceito ajudou a criar metáforas que vão além dos gramados. Em outras palavras, por estar na língua do povo, Pelé virou verbete de dicionário. Pois é, o dicionário Michaelis oficializou o nome Pelé como adjetivo para definir algo que é extraordinário. Serve tanto para o masculino como para o feminino. Observe estes exemplos:

João Dhonatan é o Pelé do vôlei.

Maria Leilane é a Pelé dos musicais.

Ele/ela é o Pelé da física.

 

Observe que ao atribuir o adjetivo Pelé a uma pessoa, você está dizendo que ela é incomparável, única, excepcional, segundo o Michaelis. No entanto, há outras variedades que compreendem o uso do nome Pelé como uma pessoa “esperta”. Por exemplo:

Lump Seixus sentou no melhor lugar da plateia… é um Pelé!

É isso aí, no gramado, ninguém foi tão Pelé quanto Pelé. Fora dele, até com uma Rainha namorou:  Xuxa Meneguel. Ele partiu, mas eternizou o seu nome. Competiu com Jesus Cristo e com a Coca-Cola no rol da fama. Fez parar guerras e transformou o futebol em uma paixão nacional. 

No entanto, é possível, inclusive, que daqui a muitos e muitos anos, ainda seja utilizado (pelas futuras gerações) o nome Pelé para caracterizar as pessoas como extraordinárias ou espertas naquilo que fazem, ainda que não se saiba exatamente quem ele foi.  

Por hoje é só. Fica a nossa gratidão ao Rei Pelé por tudo o que ele fez pelo esporte brasileiro.